quinta-feira, 20 de maio de 2010

Drummond: a vida, no seu lado realista-moderno, um pouco romântico!

AMOR


O ser busca o outro ser, e ao conhecê-lo
acha a razão de ser, já dividido.
São dois em um: amor, sublime selo
que à vida imprime cor, graça e sentido.

"Amor" - eu disse- e floriu uma rosa
embalsamando a tarde melodiosa
no cano mais oculto do jardim,
mas seu perfume não chegou a mim.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Muito além...





















O sentido do nada
Transforma-se em tudo
Num nada infindo
Que nada para o fim
De breves vidas afins
De suspiro tépido de mim.

Por mais que seja breve
Leve, não é ela 
Que queima na triste vela
A vida que leva na sela
O calor ameno do viver
Cansado, à espera do vendo.
Que apagará o tormento
Para  mais além do sofrer.

Roteiro Incerto



Vivo ou existo?
Dúvida insana.
Aqui, meu papel é fato
Atuação mundana.

Estou perdido em mim
meus desejos afloram,
Somem. 
Minha alma fala,
Reconhece-se no real.
Analista deste mundo possível.
Neste teatro da objetividade
Da modéstia, da verdade ou da mentira.
Às claras, vejo minha hora de atuar:
Serei coadjuvante?

Deslizes cometi
Percebi depois.
Mudar já não pude.
Caíram as cortinas.
Voltaram os momentos ( atos)
Triste análise da vida.
Agora, protagonista, eu?

Aparências minhas
Foram vistas!
Revistas de meu conformismo
No palco, enlouqueci
Derrapante dos sonhos.

Agora e sempre
Revelar-me, quis.
Traduzir meu mundo.
Tentei!
Perdi-me preso à falsa imagem do roteiro meu.